quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Agitada

Meus hormônios estão à flor da pele. Cena típica de uma mulher com TPM. Um dia, você vai saber do que se trata. Por isso, fui meio rude pela manhã, antes de levar-lhe à escola.

Não há justificativa, porque você só merece amor, como sempre. Mas não consegui me controlar. Me desculpe.

Tentei correr para espairecer e até que consegui, mas meu pescoço pesava de tanta tensão. Dias como os de hoje precisam ser mais leves, porque os pensamentos tentam me levar para baixo.

Me preocupei com essa sua tosse constante há tanto tempo. Justo você, que sempre foi tão saudável!

Mais uma vez, o dilema da escolha de profissões me abalou. Tive medo de estar optando pela estratégia errada. Tudo bem! Posso consertar adiante. Mas o problema é que no momento atual estamos precisando de muita grana para pagar nossos imóveis.

Por falar neles, me irrita o fato de seu pai não tomar nenhuma decisão sobre a nossa casa, que está fechada, podendo estar alugada ou nos rendendo algum dinheiro de outra forma.

Me lembrei que já não canto mais e comecei a ficar triste pela ausência de música na minha vida. Antes de você nascer, eu ouvia muito todos os dias, em todos os lugares. Mas, infelizmente, este cenário mudou.

Tenho medo de ser privada de mais uma de minhas paixões. Para não ser interrompida, prefiro nem começar a cantar, já que todas às vezes você ou o seu pai me interrompem.

Sei que você quer e precisa da minha atenção e eu deveria encontrar uma forma de fazermos isso juntas. Mas seu pai lhe apresentou a Xuxa muito cedo e aí não dá para mim. Se um dia você for uma amante da música, como eu, entenderá o que estou escrevendo agora.

Também não ouço mais música porque a caixa de som do meu computador quebrou...

Depois de tanto pensamento negativo, não deu outra: chorei bastante. Minha cabeça latejava de dor. Precisei parar.

Tomei uma chá de camomila, com erva-doce e capim-cidreira, junto com um dorflex e dormi.

Plim! Acordei bem disposta e tive uma grande ideia: ligarei a caixinha da JBL no bluetooth e voltarei a trabalhar cantando.

Iuhuuuuuuu!!! Acabei de ligar! Uauuuuuuu... Estou ouvindo "Na veia da Nêga" da Luciana Mello. Você precisa curtir esse som!!!

Bom, depois dessa levantada de astral, só tenho a agradecer por tudo: pelas dificuldades, que me fazem crescer e pelas maravilhas como você, seu pai e tantos talentos que ganhei da vida.

Te amo muito!

P.S.: Você é minha fonte de inspiração para viver.

Imagem: Pixabay

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Irritada

Estava eu me preparando para tomar banho, brincando com você, quando o telefone tocou três vezes, uma atrás da outra. Depois, foi o celular do seu pai, que, por sua vez, já veio aperreado...

Era o vovô, quase desfalecendo de tanto chorar. Seu irmão, que estava no hospital, desde o dia anterior, havia falecido. Teve uma parada cardíaca.

Imediatamente, larguei nosso banho e corri para tentar estar na presença do meu pai o mais rápido possível. 

Coincidentemente, no dia anterior, conversei com o papai sobre o por quê do nosso tempo aqui na terra e comentei que a vida é foda. Não gosto desse tipo de palavra, mas era só o que me vinha na cabeça.

Não pedimos para nascer e ainda somos seres pensantes! Isto é o que mais me incomoda. Se eu fosse pelo menos uma flor ou algum animal que cresce, reproduz e morre sem ter a capacidade de pensar, talvez fosse menos doloroso, pois não teria noção do fim ou pelo menos este seria tão natural que a serenidade se esparramaria em plenitude, diante de qualquer sinal de morte.

Foi aí que comecei a me questionar… “Por que nos desesperamos tanto diante do fim, se este é o curso natural da vida? Choramos por quem? Pelo defunto ou por nós? Por que não encaramos essa realidade com a mesma alegria envolvida na celebração da vida? Será que temos é medo do desconhecido?”

Comecei a ficar irritada, por não ter controle sobre isso. O por quê dessa irritação??? Mais questionamentos...

A morte é para quem fica, afinal toda pessoa que morreu vai em paz. Pode ser a pessoa mais infeliz do universo. Quando morre, o semblante imediatamente perde as expressões e se pacifica. Então, choramos por nós, pelo medo da experiência que se aproxima.

Me irrito, porque não queria largar o osso, abrir mão de coisas materiais, perder tudo!!! A minha vida fecharia com chave de ouro se, após a minha morte, eu encontrasse um dia com você, o papai e todos os meus familiares. Mas não quero especular sobre isso. Nem daria!

Me irrito porque me ensinaram que estudar para produzir e dar dinheiro a alguém mais esperto, é o essencial. Me irrito, por não conseguir ter uma vida plena, porque estou perdida em meio a questões que foram levantadas aqui na terra, distantes do menor sinal de eternidade.

Me irrito, porque me disseram que o nascimento é bom tanto quanto a morte é ruim. Me irrito, porque meu pai teve a vida toda para conviver com o irmão e agora chora de desespero, por talvez não ter convivido o quanto desejaria. 

Me irrito, porque aprendi que tantas coisas tomam meu tempo, quando eu poderia estar desfrutando da sua presença e do papai. Me irrito, por ter abandonado minhas aulas de piano, porque me disseram que a vida só teria futuro se eu fizesse um curso importante na faculdade.

Me irrito, porque vou vivendo um dia após o outro, como se estivesse apenas esperando a vida acabar. Me irrito, porque não toco mais piano e cortei a música da minha vida, porque nunca me deu dinheiro suficiente para pagar minhas contas.

Me irrito, porque hoje não consegui dar um sentido à minha vida, diante de tantas verdades escondidas por trás de valores sociais tão efêmeros.

Me irrito, porque é difícil aceitar a morte como algo natural, que deveria me fazer pensar na essencialidade da vida.

Com certeza, tem algo errado.

Imagem: Pixabay

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Mal

Há um tempo, o universo vem conspirando ao meu favor, desde que comecei a tomar novas decisões, em prol da realização dos meus sonhos.

Por outro lado, até já mencionei anteriormente, sobre o turbilhão que se levanta na minha vida, todas as vezes em que eu decido caminhar para frente.

Desta vez, foi você a primeira a ficar doente e passou uma semana sem ir à escola. Depois, foi o seu pai e, por fim, quase que eu adoecia também. Mas, como já desconfio dessas artimanhas invisíveis das personalidades em questão, não me deixei abater. Tomei um chá que levanta até defunto, seguido de uma gororoba um suco verde, com tudo o que é vitamina que se possa imaginar.

Depois, encerrei a tempestade no copo d'água e lhe mandei à escola, afinal era apenas uma tossezinha. O papai, por sua vez, também caiu, mas logo se levantou com garra, mesmo doente.

Na semana seguinte, não deu outra: todo mundo fazendo o que tinha que ser feito sem vitimizações, afinal, a vida continua. Sempre!

Às vezes, tenho a impressão de que a mente nos prega peças. Diante de um desafio, a primeira sensação é de medo. Como não sabemos lidar com isto, inconscientemente, tentamos nos afastar. É quando o corpo sinaliza através de alguma doença.

Nunca vou ter certeza desses mecanismos, porque não sou uma pesquisadora do assunto. Mas algo me diz que precisamos ir além do mundo palpável, rumo às profundezas desse mar sem fim, chamado inconsciência, a fim de superarmos até o que não enxergamos.

Enquanto isso, como não temos superpoderes, recorremos à boa alimentação, para fortalecer o sistema imunológico e permanecermos firmes diante da batalha, estando com medo ou não.

Vamos que vamos!

Receitas:

Chá que levanta até defunto:

- Suco de 1 limão + casca;
- 1 dente de alho;
- 1 colher de café de gengibre em pó;
- Mel com extrato de própolis.

Joguei tudo na xícara. Em seguida, coloquei água fervendo e deixei em efusão por 15 minutos.

Suco verde:

- 1 folha grande de couve-manteiga;
- 1 polpa de tangerina;
- 1 colher de café de gengibre em pó;
- 200ml de água de coco;
- Suco de 1 limão;
- 1 colher de sobremesa de chia;
- 1 colher de sobremesa de linhaça;
- 1/2 maçã sem casca.

Bati tudo no liquidificador e tomei.

Imagem: Pixabay

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Determinada

Ultimamente, minha vida tem sido bem animada, desde que eu comecei a tomar atitudes de peso. A estas, refiro-me àquelas escolhas poderosas, cujo principal combustível é o foco. Sai da frente, que não tem pra ninguém!!!

Organizei todos os horários, para que eu pudesse atingir meu objetivo de vida. A tabelinha ficou linda, por sinal!

Como estamos financeiramente apertados, decidi arrumar o AP nos fins de semana, evitando gastar com diarista.

Pois bem. Chegou o domingo e me pus a arrumar, varrer, limpar... Vassoura, para que te quero!!! Durante o lelê a arrumação nada leve, pensei: Estou aqui, me obrigando a fazer coisas que não gosto, quando poderia estar produzindo, para ganhar dinheiro e poder pagar alguém para desenvolver esta atividade, com muito mais afinco do que eu.

Plim! Essa luz me veio, quando comecei a me perguntar quanto tempo eu passaria naquela situação e como aquilo estaria contribuindo para que eu atingisse minha meta de vida feliz.

Só fiz terminar a faxina do quarto e retornei ao meu propósito. É impressionante como é fácil desviar a atenção. Parece que me perco em inúmeros pensamentos desordenados e rapidamente, saio do foco.

Feliz com a eureka, sentei na minha cadeira e fui trabalhar, com garra e determinação.

Imagem: Pixabay

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Triste

Tudo começou quando inventei de arrumar a casa. Você está numa fase de querer roubar a minha atenção a todo custo. Eu sei, eu sei, eu sei! Você merece mais. Talvez, se eu disponibilizasse um pouco mais do meu tempo para estar com você, tal situação fosse menos frequente.

O problema é que faço muitas coisas, por inúmeros motivos. O primeiro deles é a sede de realização que tenho. Se não trabalhar, eu piro! O segundo é porque preciso pagar minhas contas. Já o terceiro está atrelado ao primeiro: luto, mais que tudo, pela minha emancipação. Sabe por quê? De novo, a ideia de insignificância entra em cena: me acho tão incapaz de produzir algo bom, que me propus o desafio de conseguir me emancipar, para provar que tenho poder de realização.

As marcas do desamor na alma de um indivíduo são severas e refletem em sua vida, sob todos os aspectos. Talvez, essa seja a origem do meu complexo de inferioridade. A partir daí, tudo o que faço, bem como todas as atitudes que tomo, se baseiam nele.

É muito provável que eu evite a convivência com você, exatamente porque me remete ao fato de ter sido abandonada, mesmo tendo pais. O vovô era totalmente ausente e a vovó era uma mãe presente apenas fisicamente, porém distante emocionalmente.

Cuidar de você, desde o seu nascimento, tem sido um peso enorme. Felizmente, graças ao meu processo de autoconhecimento, tem se tornado mais leve a cada dia, embora estar em sua presença me incomode, principalmente se eu estiver com TPM.

É estranho, mas deveria ser o contrário: já que fui abandonada, eu deveria desejar lhe dar justamente o que não tive. Mas não. A dor se manifesta, deixando-me impaciente. É como se não tivessem tido paciência comigo. Sei lá! É tudo tão obscuro.

Hoje, ao pedir que você arrumasse seu armário, utilizando toda aquela técnica da maternidade consciente, me abaixando, olhando nos seus olhos e falando baixinho, levei um baita beliscão na bochecha. Não me contive e bati em seu braço. Foi instintivo. Aliás, passei anos da minha vida agindo dessa forma, porque vivia apanhando do meu irmão, seu tio.

Como isso nunca tinha acontecido, imediatamente, você me lançou um olhar de sofrimento interno, com lágrimas nos olhos, porém, segurando o choro. Pude ver a dor que causei em seu coração. Começamos a chorar e você logo se afastou quando eu quis lhe abraçar para pedir desculpas.

Em seguida, desesperada, comecei a me perguntar, ainda chorando, como resolver essa questão. Como eu daria amor a você, se eu não o tive? Como lhe ensinar a ser amorosa, se eu mesma não sou? E se o problema não for esse? Como resolverei algo que não tenho certeza se realmente ocorreu?

O papai também sofre dessas consequências do desamor e também evita estar com você, embora faça o sacrifício. Mas é evidente que também é pesaroso para ele.

Então, o que será de você? Depois de ter derramado todas as lágrimas, recorri ao único recurso que só saberei de sua eficácia daqui a uns anos: a verdade.

Fomos conversar... Eu e seu pai não aprendemos a amar, porque nossos pais também não aprenderam e, portanto, não puderam nos ensinar. Nós estamos aprendendo juntos e você muito nos ensina, através desse seu jeitinho doce e sapeca. Mais uma vez, me desculpe.

É muito difícil escrever essas coisas, principalmente porque tento ao máximo lhe dar o amor que você merece. Entretanto, vivi rodeada de conflitos, procurando a minha verdade mais do que nunca e jamais me contaram. Deixo aqui, então, todos os registros, para que você entenda sua história e o quão amada você é por todos nós, eu, o papai, seus avós, seus tios e suas primas.

Nos abraçamos e voltamos à arrumação do armário, desta vez, brincando.

Imagem: Pixabey

domingo, 21 de agosto de 2016

Envergonhada

Tenho mania de temer o que eu mesma falo. Se os outros gostam, fico feliz. Do contrário, sinto-me ridícula e, por isso, me envergonho. Talvez, isso ocorra devido àquela ideia de insignificância, encarregada, como sempre, de me afundar. Por isso, fico a mercê do crivo alheio.

Desde que me entendo por gente que pensa, apresento esse comportamento. Hoje, ao identificá-lo, decidi me amar, porque minha vida só a mim pertence e ninguém paga minhas contas.

Estava cansada de me sentir mal por um julgamento que nem eu mesma sei se é verdadeiro, pois tenho grandes suspeitas de que ele se manifesta apenas na minha mente.

Ponto para minha liberdade! A partir de agora, posso até falar bobagem, mas serei livre para assumir a minha verdade, sem me envergonhar do que sou.

Imagem: Pixabay

sábado, 20 de agosto de 2016

Desanimada

Faz um tempo que venho dando uma reviravolta na minha vida, através da transformação de pensamentos negativos em positivos, gerando uma onda de otimismo e consequentes oportunidades batendo à minha porta.

Hoje, porém, tudo desandou ou ocorreu diferente do que tem sido o normal, melhor dizendo. Todos nós acordamos tarde. Você chegou atrasada na escola, depois de meia hora de peleja, tentando convencê-la de ir, mesmo estando sem vontade.

Em seguida, fui caminhar, já tarde, com o papai, que adora reclamar da vida. Quando voltamos, havíamos combinado de fazer compras. Sendo que eu tinha muito trabalho, o que logo desencadeou minha crise de indecisão entre o que seria prioridade naquele momento.

Optei por ficar trabalhando. Mandei um contrato e foi recusado. O outro que eu achava que já estaria praticamente fechado, a pessoa me veio com outras alternativas, prorrogando o prazo de fechamento.

Para completar, o almoço que havíamos combinado de ser em casa, para economizar, furou e, mais uma vez, fomos enricar o dono do restaurante, que, por sinal, está bombando. Bom pra ele! E eu???

O desânimo quis me pegar, mas ao perceber, tentei racionalizar o pensamento, dizendo a mim mesma, que essas coisas acontecem, fazem parte da vida e não são motivos para me deixar down, até porque são bastante insignificantes!
 
De tarde, eu havia me programado para brincar com você. Mas estava tão cansada mentalmente, que não consegui. Resultado: briguei com você e a deixei com seu pai.

"Sou uma péssima mãe." "Ela vai se sentir mal amada." "Estou transmitindo a ela, as marcas do desamor, que sofri." "O que será da minha filha?"

Definitivamente, esses pensamentos foram mais fortes do que eu, me deixando desanimada. Então, voltei a trabalhar, um outro contrato foi fechado, até que, no final da tarde, desci até o parquinho para brincarmos juntas e fiquei pensando:

Por mais que eu tente, nem sempre conseguirei me manter na crista da onda, até porque tenho hormônios que alteram inclusive minha forma de pensar.

Com isto, terminei meu dia em paz, por ter aceitado a minha condição naquele momento.

Imagem: Pixabay